Dicas de Finanças Pessoais (1)

Falemos de poupança. Poupança não como aquela aplicação do banco, mas como o "ato de poupar". Reparo que no Brasil as pessoas têm imensa dificuldade em poupar. Talvez pela escassez de casos de poupadores de sucesso, e pela própria personalidade do brasileiro médio.

Bem, economia parece algo chato, para especialistas apenas, mas se não nos preocuparmos com isso o nosso dinheiro ganho com esforço se esvai mais rapidamente e teremos muito poucas chances de fazer, como diz a expressão inglesa, "os fins se encontrarem" (o fim do mês e o fim do recebimento)

O nosso governo não tem uma política de educar financeiramente as pessoas (difícil algum governo ter), mas sabe bem que elas não se controlam. Prova disso são os benefícios trabalhistas. O décimo-terceiro, FGTS, INSS, etc. são coisas que o governo tira de nós e depois nos dá quando acha adequado, como numa poupança indireta. Numa sociedade ideal de pessoas bem-educadas financeiramente não precisaríamos de benefícios destes pois teríamos controle de nosso dinheiro e guardaríamos o quanto achásemos necessário. Mas o governo o faz pois sabe que as pessoas não guardam dinheiro pras compras de fim de ano, não guardam dinheiro durante sua vida para comprar um imóvel, etc... Adicione a isso que somos um país pobre e, via de regra, quanto mais pobre se é menos se pensa no futuro, financeiramente falando.

Assim, tenho algumas dicas para ajudar a quem quiser lidar melhor com essa situação.


1- Dinheiro é número.

A gente está acostumado com a idéia "material" do dinheiro, onde associamos dinheiro a pilhas de ouro, notas, moedas, etc. Hoje pode-se dizer que dinheiro é um bem numérico, virtual, alguns dados em bancos de dados. Pense, portanto, em dinheiro como algo numérico, que pode ser criado (e destruído) "do nada". Muita gente diz "de onde vou tirar dinheiro" mas como o dinheiro é uma idéia o mais correto seria dizer "como vou criar dinheiro"...

Outra coisa, mais prática: como, com coisas materiais, temos controle "visual" das coisas, caímos frequentemente num dos erros monetários mais comuns: fazer estimativas "visuais", "por cima", com contas de cabeça arredondadas, sobre o quanto temos e podemos gastar. Os números não se comportam bem com quem não os entende completamente, por isso siga a proxima dica...


2- Controle pouco é bobagem.

Não sofra por saber ou não o quanto você pode ou não. Tenha uma idéia do que você tem, do que você pode melhorar financeiramente. Planilhas de gasto não são e nem podem ser coisas exclusivas de empresas ou contadores. Pode ser chato no início mantê-las, mas depois o resultado compensa e você pode ter muito melhor controle. Se você não tem, pegue vários extratos de banco dos meses passados e se baseie neles para começar a fazê-las.


3- Fundo de emergência é bom.

Imprevistos acontecem. Posto isso, é sempre uma ótima ter um dinheiro de emergências guardado para eventualidades. Digamos, o equivalente a um ganho mensal seu é o ideal, se não for possível pode-se ter 75% ou até metade de um ganho mensal (salário, lucro na empresa, etc.). E, obviamente, repondo-se quando se usa e atualizando-se quando os ganhos (e o padrão de vida) sobem. Mas não se esqueça: um fundo de emergência é só para emergências.


4- Prestações: fuja se puder.

Ao contrário do que vocês podem estar pensando, não condeno as prestações por causa dos juros. Juros são, é óbvio, um mal muitas vezes desnecessário, que pode afundar uma pessoa e... bem, isso vocês provavelmente sabem, qualquer programa de TV fala, e fala sempre. Agora, do ponto de vista semiótico (percepção) qualquer prestação, mesmo sem juros, é nefasta, pois tira de nós a noção exata de quanto estamos gastando, e nos impõe contas para meses futuros, nos quais não estaremos contando (subconscientemente) com essa conta, o que será certamente uma dificuldade a mais (fora o dinheiro propriamente dito para pagar a conta).


5- Cartões: aprecie com moderação.

Comprar no cartão é bom, moderno, legal e tal, mas cuidado com o exagero: principalmente no crédito, não temos noção exata e imediata da compra no nosso orçamento. Portanto, use o cartão de débito sempre que puder e procure nunca, jamais pagar pela metade as faturas ou parcelar, o que significa pagar os abusivos juros de cartão de crédito.

Um comentário:

Márcio Felipe disse...

Em relação à dica número 2, gostaria de sugerir aos leitores a ferramenta on-line sMoney

Está disponível em:

http://www.smoney.eu/pt

Planilhas podem ser complicadas e com esse aplicativo web é possivel acessar em qualquer lugar, basta ter internet. Outro ponto é a capacidade de fazer gráficos com um único clique, e muitas outras...

Experimentem!