Ações 4: Na prática

Na prática é assim: você pesquisa uma corretora segundo seu sistema, suas taxas* (corretagem e custódia) e facilidades (por exemplo: as corretoras de bancos têm integração com a conta-corrente do banco, muitas corretoras disponibilizam telefones, chats e fóruns com analistas de mercado, etc...). As corretoras que não são bancos (conhecidos) funcionam exatamente como eles: você faz uma conta, manda o dinheiro a ser aplicado pra essa conta e, lá estando, você pode aplicá-lo.

Não existe preço fixado pelo qual se vende ou compra, você pode estipular o preço que quiser. Digamos que uma ação X esteja cotada a R$75,50. Você pode chegar e dar uma ordem de compra a R$75. O que ocorre nesse caso é que sua ordem, como está abaixo da cotação, vai para uma fila e pode ou não ser executada. Se você desse a ordem a R$75,50 ou mesmo, digamos, 76, sua ordem seria a primeira da fila e certamente executada. Aliás, se você der a ordem num preço diferente do preço corrente da ação e essa ordem for executada, é basicamente aí que o preço da ação "sobe" ou "cai"...

Nesse meio tempo ainda existe o "stop". Digamos que você não queira ter prejuízo nenhum, numa estratégia de menor prazo. Você pode colocar o "stop" da ação X a R$74,00. Se ela atingir essa cotação, a venda é automática nesse valor (ou em outro, estipulado). Numa época de incertezas e quedas bruscas e acentuadas, isso pode ser interessante. Existe também o "stop" máximo, onde você põe um valor máximo, digamos, R$85,00, pra que as suas ações X sejam vendidas se atingido esse valor. Existe ainda uma ordem chamada "start" onde você pode estipular um preço, e se as ações de uma empresa chegarem nesse preço (geralmente baixo), são automaticamente compradas. Digamos que você saiba que o "preço justo" da ações da empresa X seja R$85,00 mas andam oscilando abaixo disso. Você põe um start a R$72,00 e espera, se as ações X atingirem esse valor são automaticamente compradas e você pode esperar a suposta alta delas pra ter seu lucrinho.

Uma vez que você comprou as ações, você espera o movimento do mercado. Dependendo de sua estratégia, como vimos, você pode querer vender as ações, nesse caso é só executar uma ordem de venda, com o mesmo funcionamento descrito acima.
Digamos que a cotação da ação X foi a R$81,60. Você pode tentar vender por R$82 e esperar na fila ou pode ser o primeiro da fila vendendo por R$81,60 ou R$81,50, por exemplo.

Independente de tudo isso, sempre contabilize os emolumentos de 0.035% e a taxa de corretagem. Se for ficar com as ações em um prazo mais longo, contabilize também a taxa de custódia (so houver - algumas corretoras não a cobram).

Uma coisa importante é salientar que as ações são vendidas prioritariamente em lotes. Os lotes geralmente são caros, ainda mais das ações mais conceituadas. Um lote de ações da Petrobras, por exemplo, é composto por 100 ações, a cerca de R$ 60,00 cada, ou seja, R$6.000. Para mim e para todos os que não costumam ter tal quantia sempre à mão, pode-se trabalhar com os chamados "lotes fracionários", lotes pequenos sem limite de quantidade. O lado ruim é que nem sempre se consegue vender lotes fracionários pelo preço "cheio" das ações, quase sempre um pouco menos. Outra coisa é que os lotes fracionários têm que ser trabalhados com ações de liquidez boa (evite os "micos") pois senão o risco de se "encalhar" é menor. Mas não há motivo para desânimo, já trabalho dessa maneira e estou satisfeito.

Exemplos

Exemplo 1: comprou 10 ações (lote fracionário) da empresa A a R$110,00 por ação. A corretora cobra fixo R$20,00 por operação. Dá mais ou menos uns 30 centavos de emolumentos. No total gasta-se R$ 1100,00 nesta compra. Pra se ter um lucro na venda, as ações precisam ir pra mais de cerca de R$115 (10 x R$115 = R$1.150) pois existe a taxa na hora da venda também (duas taxas de R$20,00 = R$40).

Resumindo:
compra de R$1.100 + corretagem (R$40) + emolumentos R$0,30 = R$1.140,30

Ou seja, para se ter lucro é preciso que as ações custem no mínimo esse valor mais algum, como por exemplo R$115 (o que seria um lucro mínimo).


Exemplo 2: comprou 100 ações (um lote inteiro) da empresa B a R$12,30 por ação. A corretora cobra uma porcentagem de 2% por operação nessa faixa de preço (tabela padrão da Bovespa). Dá mais ou menos uns 43 centavos de emolumentos. No total gasta-se R$ 1230,00 nesta compra.

compra de R$1.230 + corretagem (2% de R$1.230 = R$24,60 X 2 [compra e venda] = 49,20 ) + emolumentos R$0,43 = R$1.1279,57.

Para se ter lucro nessa operação é preciso que as ações custem no mínimo esse valor mais algum, como por exemplo R$13,00.

Moral da estória: Calcule sempre, senão o risco de um prejuízo é grande. Ponha o Excel pra trabalhar nessa hora, use a calculadora ou um programa especializado nisso (como o http://www.smoney.eu/pt sugerido pelo Márcio, leitor do blog).

* - Sobre as taxas, farei futuramente uma análise mais profunda.

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