Ações 3: Estratégias

O investidor em ações não pode sair comprando e vendendo a esmo, há de ter uma estratégia (ou mais de uma). As variáveis mais usadas para compor uma estratégia são os prazos e a liquidez das ações, como veremos. Importante salientar que tudo isso pode ser combinado entre si.

Prazos

Longo Prazo - Investir em longo prazo é ter uma carteira de ações (geralmente de empresas grandes e confiáveis, as chamadas blue chips) e não se preocupar com a oscilação da bolsa. O investidor de longo prazo vislumbra o prazo de semestres e anos e não se importa com crises, até porque elas passam e a tendência da bolsa é sempre a de valorização (ainda mais quando se investe em blue chips, que têm menor oscilação e uma "performance" mais estável de subida). Investir em longo prazo é a forma mais pacata e segura de se investir na bolsa, pois tem-se o dinheiro aplicado em ações de empresas que, por pressuposto, se valorizam em bom ritmo, geralmente bem acima dos investimentos de renda fixa. O investidor de longo prazo tem rendimentos sobre os dividendos, um "algo a mais" que acaba sendo um dos principais fatores a quem trabalha no longo prazo. Importante salientar: devido à principal fonte neste caso ser o dividendo, trabalhar no longo prazo com pequenas quantias (lotes fracionários) não faz muito sentido, pois os dividendos costumam não representar muito em pequena escala.

Médio Prazo - O Médio Prazo é o investimento em ações para o ganho com a venda destas de forma não-imediata. Para operar em médio prazo o investidor tem que se basear em primeiro lugar na análise dos fundamentos da empresa, se ela está indo bem, se tem perspectivas boas, etc. Atualmente no Brasil, o médio prazo está sendo um bom negócio devido à pujança econômica nacional (atual).
Pra investir em médio prazo a pessoa tem que comprar algumas ações nas épocas de baixa ou com perspectivas boas de alta e traçar um objetivo para vendê-las, isto é, estabelecer um preço-alvo no qual você se dê por satisfeito ao vender e não sentir remorso se as ações subirem acima desse ponto (isso é importante, detalharei em outra oportunidade). Neste tipo de investimento o investidor se torna um "trader", ou seja, aquele que ganha com as transações ("trades"). A maioria dos traders ativos, que estão sempre vendo notícias e se informando, trabalha em médio prazo.

Curto Prazo - Investimentos em curto prazo requerem habilidade e sobretudo oportunidade. Altas rápidas da bolsa são excelentes oportunidades, assim como notícias positivas sobre empresas (mas tem que ser rápido, pois a notícia que sai às 10 da manhã surte efeito às 11 e é velha à tarde!). A análise gráfica é perfeita para o investidor de curto prazo, pois os gráficos, em situações normais, indicam possíveis direções para o dia seguinte (e, bem, não muito mais que isso). Os investidores que trabalham com prazos curtos usam muito o "daytrade", no qual se compra e vende uma ação no mesmo dia, e o "swing", no qual se compra uma ação num dia e vende no dia seguinte, logo na abertura do pregão (O "swing" é forte no Brasil porque no "daytrade" paga-se 20% de imposto de renda sobre o lucro da operação, independente deste lucro).


Liquidez das ações

Como dissemos anteriormente, a liquidez é a capacidade de um papel (ação) de ser altamente negociável, sem "encalhar" estando na posse de alguém.

Blue Chips - As blue chips, maiores e mais líquidas ações da bolsa, são ideais no longo e médio prazos. Mesmo assim, dependendo das circunstâncias, podem ter altas interessantes ao investidor de curto prazo, embora este não seja um fato tão comum (especialmente nas ações da Petrobrás).

Médias - Empresas médias para o padrão da bolsa (que de fato são empresas gigantescas) são uma boa para o investidor de médio e curto prazo. Esteja atento com alguns ramos, como telefonia por exemplo, que costumam oscilar bastante e são bem sensíveis a medidas do governo, como aumento ou diminuição de tarifas. Alguns ramos despontam como "bolas da vez", como imóveis, seguros, bancos médios, etc. dependendo da época. Assim, toda atenção é necessária para altas ou baixas exageradas.

Pequenas e "Micos" - Muito cuidado quando se lida com ações de empresas menores e/ou menos conhecidas (as chamadas "small caps"), é preciso experiência. No entanto, checando os balanços e perspectivas dessas empresas podemos nos arriscar.
Quando as empresas são ainda menores, daí o negócio é arriscado e precisa-se também de muito sangue-frio para investir nessas ações, os chamados "micos". Às vezes o investidor pode simplesmente não conseguir vender essas ações pela falta de liquidez (pouca procura) e tomar um belo prejuízo, por não vendê-las ou ter que vendê-las abaixo do preço de mercado.
Algumas corretoras bloqueiam operações com esse tipo de ação. É bom frisar que os investidores mais agressivos têm certo apetite por esses "micos" por serem elas as ações com possibilidades de ganhos mais exagerados.

Com relação à liquidez, algumas empresas, para aumentar a liquidez, realizam o chamado "desdobramento" das ações, ou seja, transformam uma ação mais cara em duas mais baratas. A Vale do Rio Doce fez isso (3 de setembro). Suas ações valiam em torno de R$80, foram desdobradas para duas de R$40. Assim, o lote fica bem mais em conta (discutiremos mais adiante).
Da mesma forma, algumas empresas julgam suas ações baratas (o que pode não ser bom por uma série de fatores, até psicológicos) e realizam o "agrupamento" das ações, onde se agrupam ações para resultar em séries mais caras. A Cyrela Commercial Properties agrupará suas ações em breve, na razão de 5 para 1, ou seja: 5 ações de cerca de R$2,30 valerão 1 de R$11,50

Um comentário:

Unknown disse...

Oi Marcos! Estava 'fuçando' no fórum do Infomoney e através de um de seus coméntários descobri seu blog. Como inesperiente na área de aplicações vi em seu blog um grande meio de me tornar a par deste 'mundo financeiro'e ao mesmo tempo um injetor de coragem para nele 'habitar'. Sucesso ao blog! Serei leitora assídua.