Ações 5: Comportamento e Contexto

Comportamento do investidor

O comportamento do investidor é peça-chave para ganhos na bolsa, especialmente quando se trabalha em prazos menores. Mas, independente do prazo, ao investir em ações não caia nunca na besteira de usar seus sentimentos. Sem sentimentos em jogo o cenário fica bem mais claro, portanto não sinta remorso nem apegue-se a papéis (ações). O que está em jogo é seu dinheiro, seja pragmático sempre. Às vezes até a clássica máxima de "comprar na baixa e vender na alta" é prejudicada por sentimentos.

Estabeleça metas de ganho, não permaneça "comprado" em ações que estão em alta só pra ganhar "mais um pouquinho". Na prática: ponha o "stop" pra trabalhar a menos que você esteja mirando o longo prazo. Em outras palavras, não se faça amargar um prejuízo confiante que "um dia" ele se reverterá. Outra: não aja como se fosse um cassino: se você perdeu dinheiro, estude, aprenda mais pra fazer os ganhos superarem as perdas. Riscos sempre existem, mas quanto mais se conhece, mais se controlam esses riscos.

Mais à frente, num outro artigo, comentarei sobre o livro "Axiomas de Zurique", que fala bastante dessa parte, embora com uma visão bem particular e específica.


Ritmo do Mercado

Basicamente, o ritmo das ações é resultado dos fundamentos da empresa, incluídos aí os fundamentos dos mercados brasileiros e mudiais (segundo o mercado que a empresa atua). Pra descobrir o rumo de uma ação, deve-se, em suma, considerar esses fatores:

1- Os fundamentos da empresa - Como anda o caixa dela e as perspectivas desse caixa.

2- Contexto da empresa - A Petrobras, por exemplo, depende muito do preço internacional do petróleo. Se o petróleo sobe, a tendência é ela subir. Ao contrário, uma petroquímica como a Braskem tende a subir quando o petróleo cai, pois pra eles petróleo é matéria-prima. Obviamente que a estas tendências se juntam os outros fatores.

3- Contexto da bovespa (economia brasileira e mundial, índices da bovespa e principais bolsas do mundo). Importante: o contexto internacional não é algo menos decisivo! Lembre-se que muitos investidores estrangeiros têm muito dinheiro aplicado nas nossas ações e esses estrangeiros fazem isso pra ganhar dinheiro medindo risco, então qualquer sinal internacional pode fazer com que o risco aumente pra este investidor e ele tire seus recursos da Bovespa. O contrário é válido, e assim alguns fatos podem fazer o Brasil ser mais atraente a esse investimento, que impulsiona a bolsa e as ações como um todo.

4- Preço "justo" das ações. Às vezes uma ação sobre demais e passa por um processo de "correção" em seguida, que é basicamente o pessoal vendendo essas ações pra realizar um lucro.

Ações 5: Introdução às Análises

Existem basicamente dois tipos de análises de ações (e índices): a técnica e a fundamentalista. A análise técnica é feita em cima de gráficos, do que eles apontam pro futuro (é também chamada de grafista). A análise fundamentalista leva em conta os fundamentos da empresa (lucros, estrutura, concorrência, como anda o ramo, etc.).
Muita gente investe com base só em uma das duas, mas o ideal é mesmo casar as duas. A análise gráfica serve mais pra prazos curtos e épocas estáveis, de maior previsibilidade. A análise fundamentalista serve para o longo prazo sempre, mas no curto prazo quem influencia mesmo é o movimento do mercado devido a fatores externos e na maioria imprevisíveis, como a recente crise dos "subprimes" americanos.

Análise Técnica (Grafista)

Basicamente, é pegar um gráfico de uma ação e tentar adivinhar, segundo o movimento passado, o próximo movimento. Existem vários apoios a quem quer fazer isso, como apostilas, livros, cursos, etc. O importante é sempre não se deixar levar pelos (poucos) grafistas que dizem ser este um método infalível ou mesmo o melhor indício do movimento futuro da bolsa.
Bem, para a maioria das situações os gráficos podem indicar um caminho que a ação vai seguir, mas é sempre importante notar que o ritmo das ações seguem o ritmo da bolsa, isto é, se a bolsa cai a ação tende a cair e vice-versa. Assim, também uma empresa que está com ações em alta pode não cair ou cair menos do que os índices da bolsa, dependendo da força de sua alta. O contrário vale: essa mesma empresa, em alta, pode subir bem acima dos índices
na alta destes. No dia 22/08, por exemplo, a bolsa teve uma alta expressiva e, de todas as centenas de ações, só umas poucas caíram, e bem pouco. Em compensação, três grandes empresas chegaram ter suas ações subindo mais de 10%!

Os gráficos de "candles" são a forma mais comum de gráfico desse tipo, e a que mais revela. Os candles (velinhas) são úteis pois podem revelar o caminho de determinadas ações nos dias seguintes.


Veja este gráfico de cima. Os candles nele representam um dia inteiro. As linhas dos candles são os preços a que chegaram esta ação, as formas cheias são a diferença entre a abertura e o fechamento (no caso de o candle ser um dia inteiro) ou entre o começo e o fim do período do candle. Os candles brancos são altas e os pretos são quedas. Por exemplo:

No caso, as ações começaram o dia em 53 reais, chegaram ao mínimo de 52,10 e ao máximo de 55,20, e terminaram em 55. Candles com o "bojo" mais para cima (como um martelo em pé - exemplo 1) indicam uma provável alta no período seguinte. Um candle em formato de martelo perfeito (sem linha em cima do "bojo" - exemplo 2) é uma forte indicação de alta, a mais forte possível. O contrário é válido: candles com "bojo" pra baixo (ex. 3) apontam possível queda.

Tudo é possibilidade, esteja avisado disso. Análise gráfica é assim: pode chover, mas pode fazer sol. Se chover, pode chover muito. Se fizer sol, pode rachar côcos. O mais útil da análise gráfica é quando há um candle de martelo ou tendências de alta ou de baixa (quando a linha do gráfico, a despeito de oscilações, caminha num rumo constante para cima ou para baixo). São úteis também os pontos de suporte e resistência, claramente índices psicológicos que influenciam as negociações de ações. Suporte é um ponto baixo onde, se o preço da ação romper esse ponto, vai descer a ladeira. Resistência é o contrário, um ponto alto, se rompido indica que vai às alturas. Os suportes e resistências do gráfico de exemplo (primeira figura) estão em laranja e verde, respectivamente.

Há diversos cálculos e curvas matemáticas que o pessoal gosta (Tri-line, bandas de Bollinger, Fibonacci, etc), que podem ter sua utilidade, mas cuidado ao confiar demais nessas técnicas: notícias externas e fundamentos sempre estão em primeiro lugar quando se está falando de uma empresa com ações na bolsa.

Análise de Fundamentos

Fundamentos só podem ser "mastigados" em massa (muitos ao mesmo tempo) por gente realmente especializada, com imensa disponibilidade de tempo, mas analisá-los é o caminho mais seguro pra se investir. Sorte nossa que existem sites que disponibilizam fundamentos "mastigados" pra gente, como o site InfoMoney. Lá podemos consultar análises fundamentalistas de empresas e os balanços destas.

De tempos em tempos, corretoras lançam publicamente listas de ações recomendadas. Algumas dessas listas têm o chamado "preço justo", que é quanto os analistas acham que a ação vai valorizar em alguns meses. Algumas têm até uma justificativa dos motivos pelos quais recomendam algumas ações. Um conselho: é bom não acreditar na empolgação desses analistas em recomendar compras e traçar preços justos lá em cima. Leve em maior consideração aquelas ações que todos estão falando bem ou então recomendações muito fortes.

Recomendo, pra ver essas listas e análises fundamentalistas em geral, cadastrar-se na newsletter do site InfoMoney. Não se esqueça que esses sites de informação gratuita têm um pequeno delay (atraso) das informações, geralmente 15 minutos.

Ações 4: Na prática

Na prática é assim: você pesquisa uma corretora segundo seu sistema, suas taxas* (corretagem e custódia) e facilidades (por exemplo: as corretoras de bancos têm integração com a conta-corrente do banco, muitas corretoras disponibilizam telefones, chats e fóruns com analistas de mercado, etc...). As corretoras que não são bancos (conhecidos) funcionam exatamente como eles: você faz uma conta, manda o dinheiro a ser aplicado pra essa conta e, lá estando, você pode aplicá-lo.

Não existe preço fixado pelo qual se vende ou compra, você pode estipular o preço que quiser. Digamos que uma ação X esteja cotada a R$75,50. Você pode chegar e dar uma ordem de compra a R$75. O que ocorre nesse caso é que sua ordem, como está abaixo da cotação, vai para uma fila e pode ou não ser executada. Se você desse a ordem a R$75,50 ou mesmo, digamos, 76, sua ordem seria a primeira da fila e certamente executada. Aliás, se você der a ordem num preço diferente do preço corrente da ação e essa ordem for executada, é basicamente aí que o preço da ação "sobe" ou "cai"...

Nesse meio tempo ainda existe o "stop". Digamos que você não queira ter prejuízo nenhum, numa estratégia de menor prazo. Você pode colocar o "stop" da ação X a R$74,00. Se ela atingir essa cotação, a venda é automática nesse valor (ou em outro, estipulado). Numa época de incertezas e quedas bruscas e acentuadas, isso pode ser interessante. Existe também o "stop" máximo, onde você põe um valor máximo, digamos, R$85,00, pra que as suas ações X sejam vendidas se atingido esse valor. Existe ainda uma ordem chamada "start" onde você pode estipular um preço, e se as ações de uma empresa chegarem nesse preço (geralmente baixo), são automaticamente compradas. Digamos que você saiba que o "preço justo" da ações da empresa X seja R$85,00 mas andam oscilando abaixo disso. Você põe um start a R$72,00 e espera, se as ações X atingirem esse valor são automaticamente compradas e você pode esperar a suposta alta delas pra ter seu lucrinho.

Uma vez que você comprou as ações, você espera o movimento do mercado. Dependendo de sua estratégia, como vimos, você pode querer vender as ações, nesse caso é só executar uma ordem de venda, com o mesmo funcionamento descrito acima.
Digamos que a cotação da ação X foi a R$81,60. Você pode tentar vender por R$82 e esperar na fila ou pode ser o primeiro da fila vendendo por R$81,60 ou R$81,50, por exemplo.

Independente de tudo isso, sempre contabilize os emolumentos de 0.035% e a taxa de corretagem. Se for ficar com as ações em um prazo mais longo, contabilize também a taxa de custódia (so houver - algumas corretoras não a cobram).

Uma coisa importante é salientar que as ações são vendidas prioritariamente em lotes. Os lotes geralmente são caros, ainda mais das ações mais conceituadas. Um lote de ações da Petrobras, por exemplo, é composto por 100 ações, a cerca de R$ 60,00 cada, ou seja, R$6.000. Para mim e para todos os que não costumam ter tal quantia sempre à mão, pode-se trabalhar com os chamados "lotes fracionários", lotes pequenos sem limite de quantidade. O lado ruim é que nem sempre se consegue vender lotes fracionários pelo preço "cheio" das ações, quase sempre um pouco menos. Outra coisa é que os lotes fracionários têm que ser trabalhados com ações de liquidez boa (evite os "micos") pois senão o risco de se "encalhar" é menor. Mas não há motivo para desânimo, já trabalho dessa maneira e estou satisfeito.

Exemplos

Exemplo 1: comprou 10 ações (lote fracionário) da empresa A a R$110,00 por ação. A corretora cobra fixo R$20,00 por operação. Dá mais ou menos uns 30 centavos de emolumentos. No total gasta-se R$ 1100,00 nesta compra. Pra se ter um lucro na venda, as ações precisam ir pra mais de cerca de R$115 (10 x R$115 = R$1.150) pois existe a taxa na hora da venda também (duas taxas de R$20,00 = R$40).

Resumindo:
compra de R$1.100 + corretagem (R$40) + emolumentos R$0,30 = R$1.140,30

Ou seja, para se ter lucro é preciso que as ações custem no mínimo esse valor mais algum, como por exemplo R$115 (o que seria um lucro mínimo).


Exemplo 2: comprou 100 ações (um lote inteiro) da empresa B a R$12,30 por ação. A corretora cobra uma porcentagem de 2% por operação nessa faixa de preço (tabela padrão da Bovespa). Dá mais ou menos uns 43 centavos de emolumentos. No total gasta-se R$ 1230,00 nesta compra.

compra de R$1.230 + corretagem (2% de R$1.230 = R$24,60 X 2 [compra e venda] = 49,20 ) + emolumentos R$0,43 = R$1.1279,57.

Para se ter lucro nessa operação é preciso que as ações custem no mínimo esse valor mais algum, como por exemplo R$13,00.

Moral da estória: Calcule sempre, senão o risco de um prejuízo é grande. Ponha o Excel pra trabalhar nessa hora, use a calculadora ou um programa especializado nisso (como o http://www.smoney.eu/pt sugerido pelo Márcio, leitor do blog).

* - Sobre as taxas, farei futuramente uma análise mais profunda.

Ações 3: Estratégias

O investidor em ações não pode sair comprando e vendendo a esmo, há de ter uma estratégia (ou mais de uma). As variáveis mais usadas para compor uma estratégia são os prazos e a liquidez das ações, como veremos. Importante salientar que tudo isso pode ser combinado entre si.

Prazos

Longo Prazo - Investir em longo prazo é ter uma carteira de ações (geralmente de empresas grandes e confiáveis, as chamadas blue chips) e não se preocupar com a oscilação da bolsa. O investidor de longo prazo vislumbra o prazo de semestres e anos e não se importa com crises, até porque elas passam e a tendência da bolsa é sempre a de valorização (ainda mais quando se investe em blue chips, que têm menor oscilação e uma "performance" mais estável de subida). Investir em longo prazo é a forma mais pacata e segura de se investir na bolsa, pois tem-se o dinheiro aplicado em ações de empresas que, por pressuposto, se valorizam em bom ritmo, geralmente bem acima dos investimentos de renda fixa. O investidor de longo prazo tem rendimentos sobre os dividendos, um "algo a mais" que acaba sendo um dos principais fatores a quem trabalha no longo prazo. Importante salientar: devido à principal fonte neste caso ser o dividendo, trabalhar no longo prazo com pequenas quantias (lotes fracionários) não faz muito sentido, pois os dividendos costumam não representar muito em pequena escala.

Médio Prazo - O Médio Prazo é o investimento em ações para o ganho com a venda destas de forma não-imediata. Para operar em médio prazo o investidor tem que se basear em primeiro lugar na análise dos fundamentos da empresa, se ela está indo bem, se tem perspectivas boas, etc. Atualmente no Brasil, o médio prazo está sendo um bom negócio devido à pujança econômica nacional (atual).
Pra investir em médio prazo a pessoa tem que comprar algumas ações nas épocas de baixa ou com perspectivas boas de alta e traçar um objetivo para vendê-las, isto é, estabelecer um preço-alvo no qual você se dê por satisfeito ao vender e não sentir remorso se as ações subirem acima desse ponto (isso é importante, detalharei em outra oportunidade). Neste tipo de investimento o investidor se torna um "trader", ou seja, aquele que ganha com as transações ("trades"). A maioria dos traders ativos, que estão sempre vendo notícias e se informando, trabalha em médio prazo.

Curto Prazo - Investimentos em curto prazo requerem habilidade e sobretudo oportunidade. Altas rápidas da bolsa são excelentes oportunidades, assim como notícias positivas sobre empresas (mas tem que ser rápido, pois a notícia que sai às 10 da manhã surte efeito às 11 e é velha à tarde!). A análise gráfica é perfeita para o investidor de curto prazo, pois os gráficos, em situações normais, indicam possíveis direções para o dia seguinte (e, bem, não muito mais que isso). Os investidores que trabalham com prazos curtos usam muito o "daytrade", no qual se compra e vende uma ação no mesmo dia, e o "swing", no qual se compra uma ação num dia e vende no dia seguinte, logo na abertura do pregão (O "swing" é forte no Brasil porque no "daytrade" paga-se 20% de imposto de renda sobre o lucro da operação, independente deste lucro).


Liquidez das ações

Como dissemos anteriormente, a liquidez é a capacidade de um papel (ação) de ser altamente negociável, sem "encalhar" estando na posse de alguém.

Blue Chips - As blue chips, maiores e mais líquidas ações da bolsa, são ideais no longo e médio prazos. Mesmo assim, dependendo das circunstâncias, podem ter altas interessantes ao investidor de curto prazo, embora este não seja um fato tão comum (especialmente nas ações da Petrobrás).

Médias - Empresas médias para o padrão da bolsa (que de fato são empresas gigantescas) são uma boa para o investidor de médio e curto prazo. Esteja atento com alguns ramos, como telefonia por exemplo, que costumam oscilar bastante e são bem sensíveis a medidas do governo, como aumento ou diminuição de tarifas. Alguns ramos despontam como "bolas da vez", como imóveis, seguros, bancos médios, etc. dependendo da época. Assim, toda atenção é necessária para altas ou baixas exageradas.

Pequenas e "Micos" - Muito cuidado quando se lida com ações de empresas menores e/ou menos conhecidas (as chamadas "small caps"), é preciso experiência. No entanto, checando os balanços e perspectivas dessas empresas podemos nos arriscar.
Quando as empresas são ainda menores, daí o negócio é arriscado e precisa-se também de muito sangue-frio para investir nessas ações, os chamados "micos". Às vezes o investidor pode simplesmente não conseguir vender essas ações pela falta de liquidez (pouca procura) e tomar um belo prejuízo, por não vendê-las ou ter que vendê-las abaixo do preço de mercado.
Algumas corretoras bloqueiam operações com esse tipo de ação. É bom frisar que os investidores mais agressivos têm certo apetite por esses "micos" por serem elas as ações com possibilidades de ganhos mais exagerados.

Com relação à liquidez, algumas empresas, para aumentar a liquidez, realizam o chamado "desdobramento" das ações, ou seja, transformam uma ação mais cara em duas mais baratas. A Vale do Rio Doce fez isso (3 de setembro). Suas ações valiam em torno de R$80, foram desdobradas para duas de R$40. Assim, o lote fica bem mais em conta (discutiremos mais adiante).
Da mesma forma, algumas empresas julgam suas ações baratas (o que pode não ser bom por uma série de fatores, até psicológicos) e realizam o "agrupamento" das ações, onde se agrupam ações para resultar em séries mais caras. A Cyrela Commercial Properties agrupará suas ações em breve, na razão de 5 para 1, ou seja: 5 ações de cerca de R$2,30 valerão 1 de R$11,50

Ações 2: Na prática

Corretoras e taxas

Para se investir na bolsa é necessário uma corretora. Os bancos também são corretoras, portanto há uma facilidade nesse sentido. Algumas corretoras cobram uma porcentagem sobre a movimentação financeira, outras cobram uma taxa fixa por operação de compra/venda (geralmente entre R$15 e R$20). Esse custo (a "corretagem") é importantíssimo para se calcular o quanto se pode ganhar com operações na Bolsa.

Há uma taxa chamada "custódia", que se cobra quando se tem uma ação em seu poder por um tempo. A taxa é mensal e fica em torno dos R$10, quando existe (muitas corretoras não cobram).

Fora essa taxa há uma taxa da Bovespa, de 0,035% por operação, a "taxa de emolumentos".

Não há imposto de renda para operações na bolsa abaixo de R$20.000. Mais do que isso, há uma taxa de 15% sobre os ganhos, quando houver ganho.


Como se ganha

O investimento em ações consiste em duas possibilidades:
1- Ganhos com compra e venda. Compra-se, por exemplo, a 10 e vende-se a 12. Há de se deduzir nisso as taxas descritas acima e o risco implícito, que descrevo no próximo item.
2- Os chamados proventos, que são basicamente os dividendos, a distribuição dos lucros da empresa aos acionistas. Geralmente o valor deles é baixo, coisa de alguns centavos por ação. Algumas empresas são conhecidas por distribuir bons lucros a seus acionistas (por exemplo, Empresas de energia como CPFL, saneamento, outras como CSN e Souza Cruz).

Riscos

O risco mais comum e temido é mesmo o da queda nas ações. Veja que o risco máximo é o da empresa que você tem ações falir e você perder o dinheiro investido nela. Isso dificilmente (ou nunca) acontece sem que a empresa caia pelas tabelas e perca grande parte do seu valor antes. Na dúvida, veja como anda o valor das ações da empresa nos últimos tempos e lembre-se que todas as empresas que compõem o índice Ibovespa (e, geralmente, também os índices IBrX) são empresas saudáveis, com contas em dia.

Independente disso pode-se perder dinheiro devido à queda do valor das açoes. É bom dizer que a bolsa é volátil, cai num dia, sobe no outro, isso é normal. Pode até cair durante duas semanas seguidas e subir durante outras, estamos vendo isso agora aliás. O "catch" da coisa é que mesmo que caia muito, um dia subirá tudo o que caiu e mais um pouco. A tendência na bolsa é sempre, numa conjuntura favorável como a nossa, de alta a longo prazo, uma alta inclusive maior que a de qualquer outra aplicação.

Para quem quer ganhar no curto prazo e não quer perder (muito) há técnicas, descritas a seguir:
- Investir em um pseudo-fundo chamado POP, onde o investidor escolhe uma ação de uma empresa conhecida, o prazo (6 meses ou 1 ano) e investe o dinheiro. Se depois desse prazo as ações subiram o investidor ganha 80 ou 90% desse dinheiro, senão ele ganha quase o mesmo valor que investiu. O ruim disso, fora o valor do ganho não ser cheio e poder haver um pequeno prejuízo, é que antes de 6 meses ou 1 ano (dependendo do tipo do POP) não se pode tirar o dinheiro.
- Regular bem o "stop". O stop é um comando da bolsa onde você estipula um preço automático para venda. Digamos que você comprou ações de uma empresa a 50 reais. Você pode estipular que, se ela atingir 48, execute a ordem de venda. É importante dizer que, como a bolsa é volátil, não se pode estipular algo tipo 49,99, porque esse valor certamente seria atingido mesmo na alta (ações oscilam muito).
- Analisar os fundamentos da empresa e os gráficos (as análises, a serem descritas numa outra oportunidade).

Ações 1: Conceitos

Olá,

Bem vindos aos tutoriais de investimento em ações. Bem, desnecessário dizer que investir em ações requer um certo aprendizado, mas na minha opinião hoje, com as facilidades proporcionadas pela Internet a coisa é muito mais fácil. Obviamente que o que estará a seguir não é todo o conhecimento disponível sobre o assunto, então sempre se pode aprender mais.

O que são ações

Ações são, a grosso modo, pedaços de uma empresa. Pedaços bem pequenos, digamos, alguns reais numa empresa que vale milhões ou bilhões. Comprando ações nos tornamos sócios de uma empresa, obviamente com participação pequena.

Uma empresa lança ações na bolsa quando quer ter mais dinheiro para sua expansão ou outos fins (mesmo empresas em situação ruim às vezes lançam-se na bolsa em busca de capital, é preciso cuidado com algumas). Quando lança ações na bolsa (a chamada "oferta pública inicial" ou IPO, em inglês) a comissão de um banco analisa o quanto vale a companhia e transforma esse valor em pedaços (já injetando um valor a mais, para gerar o capital necessário), seguindo vários critérios. Com a venda desses valores a empresa ganha dinheiro para poder gastar no que quiser e se torna uma empresa pública, aberta a quem quiser ser sócio. É como se varios sócios entrassem na empresa, com diferentes poderes segundo as classes de ações.

As ações são compradas e vendidas na Bovespa, a bolsa de valores com sede em São Paulo.

Classes de ações

Existem várias classes de ações. Essas classes, do jeito que existem, são exclusividade da Bovespa. Os principais:

ON - Ações ordinárias. Dão direito a voto nas decisões da empresa, mas pagam menos lucros (dividendos). A rigor (geralmente é mais complexo que isso), o sócio majoritário de uma empresa com capital aberto tem a maioria das açoes ON desta.
PN - Ações preferenciais. Dão preferência nos dividendos, mas sem direito a voto. Às vezes se subdividem em vários tipos segundo a política da empresa, PNA, PNB, etc...

Nem todas as empresas têm ações ON e PN, como veremos mais adiante.

Geralmente as ações são baratas (há açoes de menos de um real, há outras de cerca de 10 e outras de cerca de 100 reais), mas elas são vendidas geralmente em lotes. Falaremos mais disso também à frente. Todas as ações da Bovespa são indicadas por códigos compostos de 4 letras e um número (geralmente 3 para ON, 4 para PN, 5 para PNA, 6 para PNB). Por exemplo: Petrobras ON é PETR4, Vale do Rio Doce PNA é VALE5, Vale do Rio Doce ON é VALE3...

Os preços (cotações) das ações é baseado nas últimas ofertas de compra e venda. Portanto, quando um preço de uma ação cai é porque estão realizando vendas por preços mais baixos do que a cotação. Quando sobe, é porque estão realizando compras por preços maiores que a cotação.

Quando um investidor tem ações na bolsa diz-se que ele tem uma "carteira" de ações. As ações mais negociadas da bolsa, de empresas com números sólidos e estabilidade comprovada são chamadas de "blue chips". No Brasil as maiores blue chips são Vale do Rio Doce e Petrobrás, seguidas de Usiminas, Gerdau, Itaú, Banco do Brasil e Bradesco (isso é aberto a discussões). Quando uma ação é de uma empresa menor, menos conhecida ou mesmo menos sólida, costuma-se chamar de "small cap", ou, no extremo do desconhecimento (e risco), pode ser um "mico" (o risco de se lidar com ações desse tipo é bem maior, como explicaremos).

Quem está na Bovespa

As maiores empresas do Brasil estão na Bovespa: Petrobrás, Vale do Rio Doce, Usiminas, Gafisa, Pão de Açúcar, Vivo, Light, CPFL, Telemar, Sadia, os bancos, etc.... É importante lembrar que só empresas brasileiras estão na Bovespa, mesmo que tenham sido compradas por estrangeiros (nesse caso eles compraram a maior parte das ações ON da empresa, ou algo do tipo). É importante salientar que as multinacionais têm ações em seus países de origem. As ações da Microsoft só podem ser negociadas na bolsa de Nova Iorque, assim como a Petrobras está presente na Argentina, mas suas ações só podem ser negociadas na Bovespa.

Quando se diz "a bolsa caiu" ou "a bolsa subiu", estamos falando (no Brasil) de um índice chamado Ibovespa. Este índice é composto de uma "carteira virtual", onde se simula um investimento em cerca de 60 empresas (escolhidas segundo vários critérios). Se as ações dessas empresas caem no geral, como se alguém tivesse investido nelas e perdido dinheiro, a bolsa cai. Caso contrário, sobe. Existem outros índices na Ibovespa, alguns separados por setores e dois que consistem das empresas mais negociadas (IBrX-50 e IBrX-100, as 50 ou 100 empresas mais negociadas da bolsa).

Investimentos 4: Ações, o mito

O mitificado mercado de ações é alvo sempre do mesmo tipo de comentário: "arriscado", "loteria", "loucura". Independente dos comentários, o consenso entre os que não conhecem este mercado é que é algo muito arriscado. Ora, arriscado é, porém o conceito de "risco" é algo interessante... pessoalmente, acho muito mais arriscado viver só com um pequeno salário, família, filhos e tal, sempre pagando juros ao banco. Isso pra mim é risco!

Enfim, aprender a lidar com ações não é tão simples, mas não é nenhum feito extraordinário. Pra investir em ações existem vários perfis, tanto de prazos (longo prazo, médio prazo, curto, curtíssimo) quanto de carteiras (vou detalhá-los em outra oportunidade). Quando se compra uma ação se compra parte de uma empresa, se entra com sociedade. O investidor é um sócio, geralmente ultra-minoritário, mas que poderá receber participação nos lucros da empresa (dividendos) e ganhar com a valorização do preço das ações dessa empresa.

Investimento em ações é algo na medida pra quem quer mais do que poupança e renda fixa em geral, tem bons conhecimentos gerais (cenário político-econômico-social) e gosta de aprender coisas novas e pesquisar informações. Hoje tudo é muito mais fácil nesse sentido pois as consultas de cotações, ordens de compra e venda, pesquisas de informações, tudo é feito via internet.

Em breve, trarei aos que acompanham este blog um tutorial sobre investimentos em ações.

Investimentos 3: Negócios e Imóveis

Negócios

Na maioria das conjunturas o investimento com possibilidades de ganhos mais constantes é se lançar em negócios, ou seja, abrir e se associar a empresas. Mesmo com o nosso país sendo um poço de ineficiência, que emperra os empreendimentos até onde se pode, com sindicatos inchados e corruptos e impostos asfixiantes, ainda assim pode-se lançar nestes desde que estes fatores se somem:
- perfil empreendedor (aquele que "vai e faz")
- uma boa conjuntura para o negócio a ser aberto (condições econômicas do local por exemplo)
- diferenciais no mercado
- disposição e tempo para se dedicar à coisa (veja abaixo)

Pois é, não é fácil. No entanto, pra quem tem um dinheiro a mais pode-se inclusive investir em franquias. Franquias são excelentes investimentos pois são conhecidas do público, têm estrutura de apoio, material publicitário proprio e consultoria. Têm taxas que às vezes são altas mas o retorno geralmente é alto também. Ainda, há uma melhor possibilidade de se gerenciar franquias à distância do que um negócio qualquer, o que pode isentar o dono de se dedicar a uma coisa só e mesmo isentar o futuro dono de ter todas as características citadas na lista acima (nessas horas que Kiyosaki diz que o "trabalho" vira "negócio").


Imóveis

Todo mundo conhece gente que ganha com imóveis, comprando na baixa e vendendo na alta ou alugando... Lidar com imóveis requer experiência, tempo, poder de negociação (e convencimento) e desprendimento, pois operações com imóveis são geralmente bem lentas.

Além disso, é bom ter muito (muuuuito) dinheiro pra poder comprar imóveis à vista para ter bons ganhos e também para poder aguentar a situação de ter imóveis "empacados", consumindo custos de limpeza, manutenção, contas e impostos. É um investimento bom, sem dúvida, mas que requer bastante conhecimento do ramo, além dos itens citados acima.

Investimentos 2: Renda fixa

Investimentos de renda fixa são aqueles em que, grosso modo, recebe-se o mesmo todo mês em redimentos ou uma renda estipulada ao final de um período também estipulado. Geralmente são sinônimo de segurança, mas a segurança tem seu preço: baixo rendimento.

Poupança


Poupança é o investimento seguro símbolo da classe-média. Símbolo sim, primeiro porque não dá conta de ser investimento de verdade pelo baixo rendimento, segundo porque por causa da aversão ao risco (e desconhecimento, sobretudo) muita gente prefere o marasmo financeiro da poupança. Não me entendam mal, é melhor deixar o dinheiro na poupança do que nada, só que há algumas opções bem melhores.

Só pra ter uma idéia: A poupança rende cerca de 0,69% ao mês. Se você tivesse exatamente 100.000 reais aplicados na poupança, teria um rendimento mensal menor que dois salários mínimos(!). Que baita investimento... (fora o fato, que a gente nem conta, que acima de 20.000 reais na poupança estão livres de seguro caso o banco venha a decretar falência).

Fundos de Renda fixa

Ah, sim: fundos de renda-fixa e CDB já foram uma opção interessante à poupança em tempos de juros mais altos. Hoje não são mais, inclusive os fundos de RF já rendem menos que a própria poupança dependendo do banco, e a tendencia é piorar nesse sentido.

Tesouro Direto

Recentemente (coisa de cinco, seis anos pra cá) foi lançada ao público a opção de se comprar títulos do governo diretamente, coisa que antes não era permitida. O Tesouro Direto é, na minha humilde opinião, a melhor aplicação de renda fixa que existe, pela sua conjunção de extrema segurança e taxas razoáveis (boas para uma aplicação de renda fixa).

Para se aplicar em tesouro direto, escolhe-se um banco ou corretora apto a lidar com esse tipo de aplicação. Verifique no site do Tesouro Direto (tem até um simulador lá). Temos títulos pré-fixados (taxas decididas antes da aplicação) e pós-fixados (taxas fixadas no tempo da aplicação). Nos pré-fixados da modalidade LTN por exemplo, você compra um título a, digamos, R$900, e sabe que ele, em um ano por exemplo, vai valer R$1000 (há também o NTN-F, com formas de cálculo diferentes). Nos pós-fixados, você compa um título a um valor e ele vai valorizando segundo as taxas que incidem no título, que variam conforme a modalidade (os NTN-B são atrelados à taxa IPCA, os LFT são atrelados à taxa Selic).
Num tempo de juros baixando como agora, a melhor opção é pelas modalidades pré-fixadas, mas isso é conforme o perfil da pessoa.

Ao investir, atenção a uma coisa: existem taxas de custódia do banco ou corretora (compare) e não se esqueça do Imposto de renda, que incide sobre o rendimento (22,5 a 15%, dependendo do tempo de aplicação). Há também a taxa de custódia da CLBC (quem "toma conta" de fato desse dinheiro) que é de 0,4% ao ano.

O investimento em tesouro Direto é bem acessível, dado que se pode adquirir frações (em incrementos de 20%) de cotas inteiras (que geralmente estão em torno de R$800 para pré-fixadas e R$1600 para pós), o que resulta num mínimo de cerca de R$160 para começar.

Debêntures

Debêntures são títulos de dívidas de empresas, que funcionam de forma semelhante ao Tesouro Direto, mas com muito menos segurança (especialmente em títulos de empresas não tão grandes) e às vezes com rendimento um pouco maior (nada de entusiasmar muito, é bom que se diga).

Muito pouco é divulgado sobre as debêntures e existem muitas delas, de muitos tipos e empresas. Para se informar a respeito de cada uma vá no site da Bovespa, clique em Mercado > Renda fixa > Debêntures (se ir direto pro link das debêntures o site não funciona direito).

Geralmente o valor de um título desses gira em torno de R$10.000 (alguns poucos saem muito dessa faixa). Não é qualquer corretora ou banco que lida com eles (e, não se esqueça, cobra sua taxa).

P.S.: Através dos comentários, você pode mandar sua dúvida, se quiser se aprofundar, já que este é apenas um apanhado geral da coisa.

Investimentos 1: Pseudo-investimentos

Olá,

Aqui falarei dos pseudo-investimentos mais populares do Brasil. Pseudo-investimentos são aqueles considerados investimentos por bancos ou por pessoas que estão mal-informadas (geralmente pela ação dos bancos). Esses pseudo-investimentos são coisas interessantíssimas ao banco, pois são montantes de dinheiro que o banco ganha, aplica em investimentos de verdade, vê render, pega todo o rendimento pra si e devolve o valor sem rendimentos ao "pseudo-investidor".

É algo polêmico, mas tendo-se as perspectivas e conhecimento podemos fugir destes abaixo para coisas melhores, bem melhores.

Consórcio

Como diz o blog do pé-de-meia, no consórcio você "paga pela sua incapacidade de juntar dinheiro". No consórcio, basicamente (fora a pequena chance de ser sorteado) você vai juntando um dinheiro pagando juros disfarçados (altíssimos) e sem a possibilidade de sacar esse dinheiro em qualquer eventualidade.

Exemplo: Um consórcio hipotético (mas realista) de um carro de 30.000 reais. Por ele paga-se 60 prestações de 575 reais. Pelas taxas de administração normais (pus aqui 15%, geralmente é mais), paga-se um total de 4500 reais só de juros (ou taxa, como preferir). Sem as taxas ficaríamos com 500 reais de prestação. Eu até começo a gostar de financiamentos quando vejo esses consórcios.

Bem, a conta que eu faço é que até chegarmos ao ponto onde a maioria das pessoas compra o bem consorciado dando o famoso "lance" ou sem dá-lo, com dinheiro investido em coisa melhor já teríamos comprado o bem muito antes, sem juros e com o natural desconto de algo comprado à vista.


Capitalização

Vários bancos (inclusive o meu) vendem planos de capitalização (X-cap, PIC, supercap, etc.) como se fossem investimentos. Não são, que fique bem claro. Primeiro, porque o rendimento é nulo, então caímos num caso entre o do consórcio e da poupança, onde se junta dinheiro e basicamente mais nada, como se você juntasse debaixo de seu colchão. Segundo, porque os prêmios semi-lotéricos são sorteios, obviamente atrelados à uma chance em quase nenhuma de ganho. Então o negócio é simples: para quem gosta de uma boa aposta em loteria tudo bem, pode-se até por um pouquinho num desses "fundos mortos", se não, caia fora desse "investimento".



P.S.: O Blog do Pé-de-Meia inclui a Poupança nos pseudo-investimentos, mas não serei tão radical, ainda mais agora com as taxas de juros mais baixas e os fundos de Renda Fixa rendendo ainda menos que a poupança.

Dicas de Finanças Pessoais (1)

Falemos de poupança. Poupança não como aquela aplicação do banco, mas como o "ato de poupar". Reparo que no Brasil as pessoas têm imensa dificuldade em poupar. Talvez pela escassez de casos de poupadores de sucesso, e pela própria personalidade do brasileiro médio.

Bem, economia parece algo chato, para especialistas apenas, mas se não nos preocuparmos com isso o nosso dinheiro ganho com esforço se esvai mais rapidamente e teremos muito poucas chances de fazer, como diz a expressão inglesa, "os fins se encontrarem" (o fim do mês e o fim do recebimento)

O nosso governo não tem uma política de educar financeiramente as pessoas (difícil algum governo ter), mas sabe bem que elas não se controlam. Prova disso são os benefícios trabalhistas. O décimo-terceiro, FGTS, INSS, etc. são coisas que o governo tira de nós e depois nos dá quando acha adequado, como numa poupança indireta. Numa sociedade ideal de pessoas bem-educadas financeiramente não precisaríamos de benefícios destes pois teríamos controle de nosso dinheiro e guardaríamos o quanto achásemos necessário. Mas o governo o faz pois sabe que as pessoas não guardam dinheiro pras compras de fim de ano, não guardam dinheiro durante sua vida para comprar um imóvel, etc... Adicione a isso que somos um país pobre e, via de regra, quanto mais pobre se é menos se pensa no futuro, financeiramente falando.

Assim, tenho algumas dicas para ajudar a quem quiser lidar melhor com essa situação.


1- Dinheiro é número.

A gente está acostumado com a idéia "material" do dinheiro, onde associamos dinheiro a pilhas de ouro, notas, moedas, etc. Hoje pode-se dizer que dinheiro é um bem numérico, virtual, alguns dados em bancos de dados. Pense, portanto, em dinheiro como algo numérico, que pode ser criado (e destruído) "do nada". Muita gente diz "de onde vou tirar dinheiro" mas como o dinheiro é uma idéia o mais correto seria dizer "como vou criar dinheiro"...

Outra coisa, mais prática: como, com coisas materiais, temos controle "visual" das coisas, caímos frequentemente num dos erros monetários mais comuns: fazer estimativas "visuais", "por cima", com contas de cabeça arredondadas, sobre o quanto temos e podemos gastar. Os números não se comportam bem com quem não os entende completamente, por isso siga a proxima dica...


2- Controle pouco é bobagem.

Não sofra por saber ou não o quanto você pode ou não. Tenha uma idéia do que você tem, do que você pode melhorar financeiramente. Planilhas de gasto não são e nem podem ser coisas exclusivas de empresas ou contadores. Pode ser chato no início mantê-las, mas depois o resultado compensa e você pode ter muito melhor controle. Se você não tem, pegue vários extratos de banco dos meses passados e se baseie neles para começar a fazê-las.


3- Fundo de emergência é bom.

Imprevistos acontecem. Posto isso, é sempre uma ótima ter um dinheiro de emergências guardado para eventualidades. Digamos, o equivalente a um ganho mensal seu é o ideal, se não for possível pode-se ter 75% ou até metade de um ganho mensal (salário, lucro na empresa, etc.). E, obviamente, repondo-se quando se usa e atualizando-se quando os ganhos (e o padrão de vida) sobem. Mas não se esqueça: um fundo de emergência é só para emergências.


4- Prestações: fuja se puder.

Ao contrário do que vocês podem estar pensando, não condeno as prestações por causa dos juros. Juros são, é óbvio, um mal muitas vezes desnecessário, que pode afundar uma pessoa e... bem, isso vocês provavelmente sabem, qualquer programa de TV fala, e fala sempre. Agora, do ponto de vista semiótico (percepção) qualquer prestação, mesmo sem juros, é nefasta, pois tira de nós a noção exata de quanto estamos gastando, e nos impõe contas para meses futuros, nos quais não estaremos contando (subconscientemente) com essa conta, o que será certamente uma dificuldade a mais (fora o dinheiro propriamente dito para pagar a conta).


5- Cartões: aprecie com moderação.

Comprar no cartão é bom, moderno, legal e tal, mas cuidado com o exagero: principalmente no crédito, não temos noção exata e imediata da compra no nosso orçamento. Portanto, use o cartão de débito sempre que puder e procure nunca, jamais pagar pela metade as faturas ou parcelar, o que significa pagar os abusivos juros de cartão de crédito.

Apresentando...

Olá,

Meu nome é Marcos, este é meu novo blog de finanças pessoais e ações. Mexo com Internet há mais de 10 anos, hoje com sistemas de Internet, apesar de ser designer por formação e paixão.

Acredito que o poder do conhecimento pode fazer muito pela minha vida e pela de todos, por isso compartilharei o conhecimento que estou adquirindo na minha jornada de descobrimento dos investimentos e cia. e das finanças pessoais, que começou não faz muito tempo mas já rende frutos.

Há uma legião de novos blogs de finanças pessoais e ações, mas há muitas e muitas coisas que ainda não vi bem explicadas, por isso pretendo fazer um apanhado de tutoriais e textos explicando coisas como investimentos, ações, gastos e tudo o mais destas áreas.